28 de novembro de 2016
Animaus
Só querem massagear seus egos
Pessoas são como hipopótamos
Parecem até fofas, mas são hipopócritas
Essa espécie de animais sentientes
Mais peçonhentos que muitas serpentes
Estufa o peito e mostra o rabo
Mas é sorrateiro como um rato
Ao invés de aprender algumas coisas
Com seus primos chimpanzés
Fazem birra e teimam
E no fim, não passam de manés
Profanam os nomes de outras espécies
Como se estas estivessem no segundo plano
Mas não percebem que o maior xingamento
É ser chamado de humano.
10 de novembro de 2016
Pós-modernidade
Pessoas burras
Leem posts e tweets
E creem terem cultura
Mas de cultos nada tem,
além da merda que lhes convém
E não importa quantos bytes ou bits
A informação não é adquirida
Sem algo que a codifique.
Embora muitos não o conheçam,
É o tal do bom senso
E no fim não importa o que penso
Pois o papagaio de gaiola
Repete sem problemas
propenso à demagogias,
à hipocrisias e bostejada em demasia.
Sua voz não será ouvida,
Sua luta não será validada.
Não faz parte da elitizada cúpula
De escrotos sem escrúpulos
Que putrefazem tudo em que se envolvem.
3 de outubro de 2016
E bege, é
Pesquisas indicam que 1 em cada 10 mulheres que adentram no seu vagão
roubam o teu coração.
Pesquisas também dizem
Que você se apaixona mais pelo nariz
Do que pelo seus olhos de anis
É um bombardeio de amores
De todos os tamanhos, todas as cores
Que te inspiram e provocam suspiros
No fim das contas
De todas as possibilidades
A única que domina seu coraçãozinho
É seguir em frente assim, sozinho.
16 de setembro de 2016
Monopólio infeliz
A tristeza financia a arte
Que por sua vez esvazia a cabeça
De conflitos e abismos figurativos
Máfia de lágrimas e lástimas
Corrompida por ficções
E a indústria do auto estima
Depósito gigantesco de criatividade
Agrada quem vê, ouve, sente, cheira
E pouco a pouco corrompe quem usa
E abusa desse recurso ardiloso.
19 de agosto de 2016
O amparo fel
Daquilo que se foi
De tudo o que não fiz
Mas poderia ter feito
Arrependimento
De tudo o que não disse
Daquilo que se perdeu
E não voltará
Dádiva
De uma mente sã
Que contém memórias
Singulares de todas as formas
Esperança
De uma chance redentora
Para compensar os males
Desencargo de consciência
Fim
De um dia em que
A saudade e o arrependimento
Serão a dádiva da esperança
25 de julho de 2016
Fatídico fim
Te guiar à uma nova vida
Tua cara rente a minha.
Deixe-me expandir teus horizontes
Te mostrar o que não te mata,
Seguir em frente de mãos dadas
Deixe-me retornar ao seus braços
Te provar que vale a pena
Sentir mais uma vez os seus abraços
Deixe-me gravar-te em meus olhos
Eternizar tua existência
Que rescenda sem fim
Deixe-me ser teu trampolim
Te levar a novos patamares.
Viva extraordinariamente
Mesmo que inevitavelmente, sem mim.
17 de junho de 2016
Pescaterapia
Mais uma isca no anzol
Não desiste não
E tenta mais
Água estranhamente calma
A linha não balança
E nada demais
Noite se encorpando
As esperanças somem
E tudo mais
Fracasso frustrante
Guardam-se as coisas
E nunca mais,
Jamais.
30 de maio de 2016
E além
17 de maio de 2016
Desencanto
No rosto em que eu nunca pensei encontrar
Me deixam com medos que eu não esperava sentir
E desejos que eu não consigo administrar
Como foi bom te desencontrar
Dentre a muvuca ensandecida
Como se não fosse feito algum
Você e só você conseguiu me agradar
O cheiro mais singular que já senti
No corpo em que sempre sonhei em me aventurar
Me deixou com gelo na barriga
Não era tudo aquilo que temia
A cada esquina que eu passo
Dando passos no compasso
Meu coração sobe a boca
No acaso de te reencontrar
E a esperança se esvai
A cada grão que se desfaz
Saber que não vem mais
Que não adianta olhar pra trás
Agora só resta o desespero
Se foi teus olhos, se foi teu cheiro
E então se foi a alegria
Se foi o prazer, se foi a razão de viver.
10 de abril de 2016
A flor murcha e a ajuda inefável
Um pobre fracassado
Queria muito foder
Mas o seu amiguinho
Não conseguia crescer
Então à pílula azul
Decidiu recorrer
E para a farmácia
Pôs-se a correr
Chegando lá procurou
E o remédio não achou
"Estamos em falta senhor"
O atendente apontou
Triste e cabisbaixo
À sua jornada retornou
E no meio do caminho
Em uma freira esbarrou
Com a cara em seus seios
O homem se deparou
Que pecado inesperado
No qual ele adentrou
Em meio a toda confusão
Seu amigo decidiu acordar
Com a força de 100 touros
Que era difícil de segurar
A freira estupefata
Retirou a cruz de seu pescoço
E para a igreja mais próxima
Levou o pobre moço
Com muita água benta
E bastante oração
Conseguiu se desfazer
Daquela maldita ereção
Molhado e purificado
Retomou o seu caminho
E voltou para casa
Novamente sozinho
Mas longe de estar triste
Com o seu vigoroso amigo funcional
Vai poder foder todo mundo
Homem, mulher e até animal.
7 de abril de 2016
O conto do Bobo que de bobo tinha tudo
O rei pôs-se a cagar
Merda após merda
Até uma montanha criar
Escalando a montanha
O bobo cogitou
Que ideia brilhante
Jogar isso em quem o abandonou
Então pá após pá
O balde se encheu
E na volta ao tropeçar
pensou apenas "fudeu".
De cara primeiro
Encontrou o seu destino
Em um mar de bosta aterrissou
Como um fracassado bailarino
Deitado ali no emaranhado de fezes
Olhou pro teto e começou a chorar
"Por que comigo, meu amo?"
"Tudo o que quis era rir e brincar"
Com um olhar franzino
O rei se ergueu
E com o dorso da mão
Um tapa lhe concedeu
Chorando, ferido e coberto de fezes
O bobo somente aceitou
E por lá mesmo ficou,
Fechou os olhos e se deitou.
5 de abril de 2016
Relatos de uma noite memorável
Quando notei
Se aproximou
Pude sentir o calor
Emanando do seu corpo
Pude sentir o odor
De suor e de bebida no ar
O coração começou a palpitar
Com todo aquele calor
Meu estômago começou a congelar
Que cena lúdica
Se passava em frente aos meus olhos
Tive de me beliscar
Ter certeza que era real
Agora centímetros nos separavam
Olhou dentro dos meus olhos
E me petrificou
Minha respiração ofegante
Totalmente desconexa da sua
Meus lábios secaram
Meus joelhos se tornaram manteiga
Minha bexiga se contraiu
Suor começou a escorrer pelas minhas mãos
Meu coração agora estava a mil
E nesse clímax de emoções
Você virou as costas e se foi
Se perdendo entre a multidão.
11 de março de 2016
Corpus Morbidus
Juntam-se ossos
Ligam-se veias
Esculpem-se músculos
Abrem-se orifícios
Dissimulada simulação
De prender respiração
De entrar em combustão
De trocar os pés pelas mãos
Os ossos são quebrados
O sangue é infectado
Os músculos atrofiados
E a merda espalhada
Uma anomalia irreversível
Um pedido de socorro inaudível
Uma carta de adeus ilegível
Uma morte invisível.
15 de fevereiro de 2016
O Nômade
De um ser imaculado
Como poeira num vendaval
Do norte ao sul, de leste ao oeste
Com seus desejos embargados
Entorpecendo os seus sentidos
Agora finalmente, estava embriagado
De memórias e pensamentos
Espalhados pelo céu de algodão-doce
E a noção do eterno desencontro
Que antes era desconforto
Rege o que resta de seu tempo
Assimilou a árdua realidade
Que nada mais o agradaria
Do que estar terminantemente morto.
15 de janeiro de 2016
Falho
É necessário acreditar
Ter a confiança de que tudo dará certo
Quando todo o esforço e fé
São erradicados em segundos
Está cada vez mais longe
É necessário se humilhar
E tropeçar, e cair
E aceitar.
Para então entender
Que acertar não é viver,
Viver é falhar,
E falhar é vencer.
5 de janeiro de 2016
0300
Movimentos letárgicos
Rostos apáticos
Sombras envergonhadas
Transformadas em corpúsculos
Arco íris desprovido de todas as cores
Evidenciação da solidão
Entristece todos os acordados
das mais concretas impossibilidades
Silêncio se torna audível
E a depressão visível.
De travar a mandíbula
De lacrimejar os olhos
Aconchega o sono
Nunca tão atrativo
E é dada a largada à
Tortura diária
De pesadelos traumáticos.